Na manhã
desta terça-feira, 05 de maio, o Sindicato dos Municipários de São Borja,
representado por alguns dos seus dirigentes, manteve reunião com o Prefeito
Municipal, Eduardo Bonotto, para discutir demandas da categoria dos
Municipários. Na ocasião, estiveram presentes o Presidente da entidade, Alberi
Carvalho, o Dico; a Vice-presidente, Daise Liane de Farias; e a 1ª Secretária,
Laudicea Dalenogare. Na pauta, entre outras questões, o reajuste do
funcionalismo para 2020, cuja data-base já transcorre no mês de maio.
Com a
tramitação de Projeto de Lei em Brasília, que distribuirá auxílio na ordem de
R$ 120 bilhões a estados e municípios e que exige - como contrapartida dos beneficiários
- o congelamento de salários e outras vantagens aos Servidores por 18 meses, a
corrida do Sindicato era também contra o tempo, já que o Prefeito pode aprovar
Projeto de Lei na Câmara de Vereadores antes da promulgação da Lei pelo
Presidente da República, algo iminente.
Imbuído dessa
missão, o Sindicato adentrou o gabinete do Prefeito, onde foi recebido pelo
Chefe do Executivo e o Consultor Jurídico, Marcos Rogério dos Santos. Ao expor
a que veio, a entidade buscou convencer o Prefeito a conceder pelo menos o
índice inflacionário dos últimos 12 meses como forma de recuperar o poder de
comprar de vencimentos que são baixos, em sua grande maioria. O Sindicato
reivindicou 5% e obteve como resposta as já batidas lamúrias do Prefeito quanto
aos prejuízos na arrecadação, reforçados pela pandemia do Covid-19, e que não
seria possível conceder o reajuste. O Prefeito seguiu elencando quedas na
arrecadação municipal, sem considerar que justamente em razão do momento
atípico vivido no país estará recebendo R$ 8,7 milhões da União como auxílio ao
município. Outros quase R$ 2 milhões deixarão de ser recolhidos,
temporariamente, ao RPPS. Ou seja, há alívio suficiente no orçamento para
contemplar o reajuste dos Municipários.
Perguntando
então, qual seria sua proposta para beneficiar os Servidores na questão
remuneratória, saiu-se com a seguinte pérola: “Minha proposta é pagar em dia”.
Como se, ao cumprir com algo que nada mais é do que seu dever como gestor
municipal, estivesse fazendo um grande favor à força de trabalho que move a
máquina pública.
O Prefeito
queixa-se da queda na arrecadação, mas nada fez ou faz para cobrar tributos
previstos na Legislação Municipal, o que poderia ser feito com fiscalização
mais efetiva. Talvez temendo se indispor com produtores, empresários,
comerciantes, prefere deixar faltar recursos aos Servidores, historicamente o
lado mais fraco nas disputas de interesses econômicos e políticos.
Magistério
Aproveitando o
ensejo, a Vice-presidente, Daise de Farias, cobrou do Prefeito as reposições do
Magistério pois desde que o atual mandatário assumiu não concedeu uma única vez
o reajuste do piso nacional da categoria, deixando de valorizar a classe como
faz com os demais Servidores. Bonotto asseverou que não tem a obrigação legal
de conceder a mesma reposição definida pelo Ministério da Educação para os
Professores Municipais e que esta era, inclusive, uma orientação do atual
Presidente do Sindicato quando esteve cedido à Prefeitura.
O que Bonotto
parece não entender – ou não quer entender – é que nem sempre precisa agir ao
cabresto das Leis. Ou seja, não é porque a Lei não lhe obriga conceder a
reposição ao Magistério que ele não possa, como política de valorização que
infelizmente desconhece, dar o reajuste que bem entender para contemplar a
categoria com o reconhecimento que achar justo. Exemplo disso é o governador do
Maranhão, Flavio Dino (PC do B), que em fevereiro último elevou o piso da categoria
naquele estado para R$ 6.358,96 em jornada de 40 horas semanais. O piso
nacional está fixado em R$ 2.886,24. Isso sim é valorizar o Professor!
Na ocasião, o
governador usou o Twitter para comunicar:
“Tomei a
decisão de repassar 100% dos valores do FUNDEB para a folha de salários, e
complementar com recursos próprios do Estado. A essência da aprendizagem reside
nos professores. Dessa decisão resulta reajuste de até 17,5% nas menores
remunerações (piso) ”
Pouca vontade com os Servidores
Com a negativa
quanto a reajuste, o Sindicato solicitou que ao menos fossem desengavetados os
laudos para concessão dos adicionais de insalubridade aos Servidores que têm
direito. O Prefeito declarou que é preciso fazer um “estudo” sobre a questão.
Mas que estudo se os laudos elaborados por profissional habilitado já estão concluídos
há anos e devem estar amarelando em algum armário ou gaveta do Palácio? Não cabe
mais qualquer estudo e sim, tão somente, ordenar o feitio das Portarias
concedendo a cada um o que lhe é de direito.
A contratação
de profissional competente para levantar cada situação de insalubridade nas
atividades executadas pelos Servidores do Poder Executivo e lavrar o laudo
técnico apontando os percentuais a cada qual, foi licitada e há muito já paga
pelos cofres públicos, sem nenhuma justificativa plausível para os laudos
estarem engavetados até então.
A Prefeitura
divulga, como um feito seu em prol dos Servidores, a renegociação junto aos
bancos dos empréstimos consignados, com a possibilidade de suspensão das
parcelas de maio, junho e julho, em repactuação da dívida. Mas a medida, além
de ser uma liberalidade dos bancos unicamente, não contempla os Funcionários
mais necessitados pois exige que os mesmos tenham margem disponível para um
novo empréstimo, cuja carência seria de 90 dias. Conceder reposição salarial é
que seria um socorro de fato efetivo, pois além de remunerar um pouco melhor o
Servidor também eleva proporcionalmente a sua margem consignável, tornando
muitos elegíveis a renegociação junto às instituições bancárias.
A falta de
sensibilidade do Prefeito nesse momento, ao não conceder sequer a reposição
inflacionária, é perversa, pois uma vez aprovado o Projeto de Lei que tramita
no Congresso Nacional, já ficará definido que no próximo ano também não haverá
qualquer reajuste. Pior ainda, estes 18 meses de congelamento serão como se não
tivessem existido para o Servidor no que tange a contagem de tempo para
aquisição de vantagens como triênios, quinquênios, promoções, licenças-prêmio,
etc. Ou seja, congela a contagem de tempo para galgar degraus na carreira, o
que para o Servidor é outro meio de adquirir benefícios em seu vencimento.
Quanto ao
vale-alimentação, o Executivo deixou expirar o prazo para concessão de aumento
no valor, assim como para qualquer outra vantagem além da pura e simples
reposição da inflação nos vencimentos. Em razão do ano eleitoral, em abril
encerrou o prazo para conceder aumentos e vantagens discricionários, ou seja,
da livre iniciativa do Prefeito, sob pena de responder por atos considerados
eleitoreiros à frente do cargo que ocupa.
Então, a hora
de conceder qualquer índice de reajuste nos salários é agora! Mas nada parece
demover o Prefeito Municipal de sua linha dura para com o Servidor quando o
assunto é valorização.
Por fim, na
reunião dessa manhã chegou a mencionar que há estudos de sua equipe apontando
que um reajuste de 4% nos vencimentos tem um efeito cascata que repercute em
11% no RPPS e outras vantagens acumuladas, o que seria muito dispendioso para a
Administração. Ora, é justamente para equacionar essas questões que se faz
necessária competência ímpar de um gestor à frente do Poder Executivo, algo que
ainda parece estar distante na atualidade. A considerar esse raciocínio, o
atual Prefeito sinaliza então que enquanto estiver sentado na cadeira de Chefe
do Executivo Municipal não vê meios de conceder reajustes ao funcionalismo. Convenhamos,
é muito pouco para o que se esperava ao ouvir os eloquentes discursos de
campanha.
Nada como um
dia após o outro.
Diretoria do SIMUSB
O Projeto de Lei do Governo Federal
O objetivo da
proposta é reduzir os efeitos da queda de arrecadação de impostos de estados e
municípios em razão das medidas de combate ao avanço da pandemia Covid-19, como
o fechamento de comércios e empresas.
O texto
condiciona a liberação de recursos aos governos locais ao congelamento do
salário de servidores públicos até 31 de dezembro de 2021, como contrapartida
ao auxílio financeiro da União aos estados, ao Distrito Federal e aos
municípios para mitigar os efeitos da covid-19. Foram excluídos do
congelamento os servidores da saúde, da segurança pública e das Forças Armadas.
A vedação ao
crescimento da folha de pagamento da União, estados e municípios está entre as
medidas adicionais do programa de enfrentamento à doença. Os entes federados
ficam proibidos de reajustar salários, reestruturar a carreira, contratar
pessoal (exceto para repor vagas abertas) e conceder progressões a funcionários
públicos por um ano e meio.
Não haverá
qualquer prejuízo para o tempo de efetivo exercício, aposentadoria e outros fins.
Fica proibido, entretanto, contar esse tempo como de período aquisitivo
necessário para a concessão de anuênios, triênios, quinquênios, licenças-prêmio
e demais mecanismos equivalentes que aumentem a despesa com pessoal em
decorrência da aquisição de determinado tempo de serviço.
A economia
estimada é de cerca de R$ 130 bilhões, sendo R$ 69 bilhões para os estados e o
Distrito Federal e R$ 61 bilhões para os municípios, até o final de 2021.
Fonte: Agência Senado
Acharam um jeito de cortar ainda mais as poucas vantagens do servidores.
ResponderExcluir