Com a pandemia, aumento da
participação federal deve ficar mais lento
O presidente da Câmara dos Deputados,
Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta terça-feira (23) que a proposta que torna
permanente o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) pode ser votada nas próximas
duas semanas.
“A deputada Dorinha (DEM-TO) deve ter
o relatório [da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 15/15 apresentado até
quinta-feira. Nós vamos trabalhar para aprovar o Fundeb nas próximas duas
semanas, sabendo que o crescimento do valor vai ser um pouco mais lento do que
seria antes da pandemia. Então, isso é uma questão que está dada”, afirmou
Maia.
O deputado informou que outra
proposta deverá ser votada para garantir a recomposição do orçamento voltado
para a educação após a queda de arrecadação de estados e municípios em virtude
da pandemia do novo coronavírus. “Tem um outro tema que está sendo demandado
pelos prefeitos, pelos secretários de Educação, que é a perda de arrecadação do
Fundeb."
De acordo com Maia, esses recursos
estarão dentro do auxílio emergencial a estados e municípios, já aprovado pelo
Congresso Nacional, no valor de R$ 50 bilhões. “Quando distribuímos os
recursos, como não vinculamos ao ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços}, ficou sendo uma transferência direta que não entra na
contabilidade para garantir os recursos da educação. É um valor alto, mas o que
tenho dito é que temos que limitar esses valores a um percentual relacionado a
um valor que o Congresso aprovou, relacionado à transferência para estados e
municípios na ordem de R$ 50 bilhões.”
Segundo o deputado, a Câmara
discutirá mais duas medidas: a volta às aulas e um projeto que assegure o
ambiente de ensino a distância para estudantes da rede pública. “É a
preocupação com a estrutura de ensino para as crianças mais carentes, como elas
vão fazer, nesse ambiente a distância, conseguir ter as condições de ensino que tem uma criança de uma família com situação financeira melhor. São quatro projetos
que a gente vai precisar organizar para que a gente possa ter um foco na
educação que, de fato, precisa”, assegurou.
Maia disse acreditar que a questão do
Fundeb "vai avançar bem", a recomposição desses recursos, já que a
transferência para os estados não foi na regra do ICMS. Ele lembrou que houve
queda de arrecadação dos municípios e destacou outra questão, que é o impacto
da tecnologia.
Votação
A bancada do PSOL protocolou nesta
terça-feira (23) um requerimento para que a PEC que institui o novo Fundeb seja
incluída na pauta de votações da Câmara imediatamente. O partido defende ainda
que o fundo receba dinheiro novo.
“Seguimos defendendo o aumento
gradual da participação da União, dos 10% atuais para um mínimo de até 40%, em
até 10 anos, e rechaçamos propostas antipedagógicas como a ‘premiação por
desempenho’, que tendem a reforçar as desigualdades já tão acentuadas em nosso
país”, argumentam oito deputados do partido que assinam o requerimento.
Fundo
O Fundeb é a principal fonte de
recursos da educação básica, respondendo por mais de 60% do financiamento de
todo o ensino básico do país, etapa que vai do infantil ao ensino médio. O
fundo é composto por recursos que provêm de impostos e transferências da União,
estados e municípios. Criado em 2006, o Fundeb tem validade até o fim deste
ano.
A deputada Professora Dorinha Seabra
Rezende já anunciou que vai propor o aumento da participação da União no fundo,
de 10%, para um percentual entre 15% e 30%, dependendo da rede de ensino. A
ideia é que o aumento da participação da União seja gradativo, de 1,5% por ano.
Gestores municipais
Em posicionamento público, a União
Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) diz que a grande
preocupação dos gestores neste momento "é que a vigência do Fundeb expira
em 2020 e o Brasil passa por uma crise sem precedentes causada pela
Covid-19".
"Por isso, é urgente aprovar o
Fundeb permanente e definir novos recursos orçamentários, para a educação
brasileira não entrar em colapso", afirma o comunicado.
Os gestores reivindicam, entre outros
pontos, o aumento progressivo do percentual de complementação da União, cuja
proposta inicial era dobrar para 20% no primeiro ano de vigência do fundo,
aumentando progressivamente em 2% ao ano até atingir 40% de complementação.
Agência Brasil - Brasília
Publicado em 23/06/2020 - 17:11
Heloisa Cristaldo, Repórter da
Agência Brasil
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